Mary Rodrigues
Falar sobre as pin-ups é voltar ao fim do século XIX, época em que o teatro de revista transformava dançarinas em estrelas, fotografadas para revistas, anúncios, cartões e maços de cigarros.
Alberto Vargas 1896-1982 |
Alberto Vargas, um artista plástico peruano, foi quem praticamente criou o conceito das pin-ups. Ao chegar em Nova York em 1916, ficou encantado pela beleza e o estilo das meninas americanas, e seu fascínio foi tanto que ele passou a retratá-las.
Também em Paris os artistas, Alphonso Mucha e Jules Cheret, criaram as primeiras imagens de mulheres em poses sensuais para pôsters, evidenciando a presença das curvas, contornos e detalhes.
Essa arte virou escola influenciando artistas até as primeiras décadas do inicio do século XX, quando os calendários também passaram a trazer desenhos de mulheres com a silhueta idealizada pelo imaginário masculino da época. E é justamente a partir do ato de pendurar as ilustrações nas paredes que o nome pin-up (que significa pendurar) surgiu.
Na década de 40, entretanto, foi o auge do sucesso das pin-ups girls( ou "garotas penduradas"). Uma época em que mostrar as pernas era uma atitude subversiva, bem como ser fotografada nua, era atentado ao pudor. Lápis e tinta davam forma a essas mulheres carinhosamente chamada pelos soldados americanos da segunda guerra de "armas secretas". Elas serviam de alívio para esses homens que arriscavam as vidas nos campos de batalha.
Calendário publicado pela revista Esquire em 1945 - Alberto Vargas |
A revista Esquire publicou um calendário com as garotas criadas por Alberto Vargas,(as Vargas Girls), que virou moda e sucesso imediato. As garotas e o artista ficaram conhecidos mundialmente. Após sua tão bem sucedida passagem pela revista Esquire, o artista teve como modelo nada menos do que Marilyn Monroe, Ava Gardner, tornando-se ilustrador da famosa revista Playboy, que desde seu início em 1953 foi umas das maiores divulgadoras das pin-ups.
Ava Lavinia Gardner por Alberto Vargas - 1942 |
Marilyn Monroe por Alberto Vargas - 1953 |
"Com a vertiginosa ascensão da cultura pop e do american way of life nos anos seguintes ao final da Segunda Guerra, a beleza e o estilo das pin-ups criadas por Vargas ganharam novas versões em diferentes estéticas e em outras culturas.
Marilyn Monroe |
O cinema – não só o americano, mas também o europeu – foi uma das manifestações artísticas que incorporou as pin-ups ao seu universo.
Em Hollywood, destacaram-se atrizes como Marilyn Monroe e Jayne Mansfield, enquanto na Europa surgiram Sophia Loren e Brigitte Bardot.
Em Hollywood, destacaram-se atrizes como Marilyn Monroe e Jayne Mansfield, enquanto na Europa surgiram Sophia Loren e Brigitte Bardot.
Brigitte Bardot |
Em todas elas o padrão das pin-ups popularizadas pelas ilustrações de Vargas permaneceu: mulheres bonitas com seios volumosos, cinturas finas, quadris bem delineados, pernas torneadas e ar sensual. Além disso, tanto nas ilustrações e fotos das revistas masculinas como no cinema, o erotismo era um dos principais atributos das pin-ups."
Sophia Loren |
Jayne Mansfield |
Betty Grable |
Betty Grable, foi uma das mais populares dentre as primeiras pin-ups. E não havia um só soldado que não tivesse um post dela nos armários.
Bettie Page |
Uma pin-up era uma mistura de sensualidade e inocência. Jamais podendo ser vulgar ou tipo oferecida, mas apenas convidativa e atraente. E isso era assegurado pelos traços sofisticados vindo da art-nouveau, onde elas vestiam roupas que sutilmente deixavam à mostra as pernas torneadas e suas cinturas definidas. E isso era o suficiente para criar e incentivar a fantasia dos homens.
"Com o surgimento da Pop Arte nos anos 60 a fusão de pin-ups com a nova estética foi imediata. Os calendários, cartões e maços de cigarros que traziam as pin-ups eram elementos perfeitos para inspirarem os artistas pop.Primeiro, porque a Pop Arte fez uma crítica irônica da dominação que os objetos de consumo passaram a exercer sobre a sociedade e, depois, porque conceitualmente um dos objetivos da Pop Arte era o da transformação do vulgar em refinado. Assim, a imagem de Marilyn Monroe, por exemplo, foi imortalizada em quadros de Andy Warhol, o papa da Pop Arte. Além de Warhol, dois dos principais artistas pop a utilizarem as pin-ups em suas obras foram Roy Lichtenstein e Mel Ramos.
A partir dos anos 70 com uma maior liberalização dos costumes e o avanço da indústria da pornografia, as pin-ups perderam bastante do seu espaço, mas mantiveram-se no imaginário da cultura pop. O que começou como ilustrações para reproduzir a beleza estética e o poder de atração das mulheres, como forma de driblar os moralismos da época, evoluiu para a transformação das pin-ups em personagens de carne e osso, seja com as atrizes no cinema ou como modelos fotográficos. Em meados dos anos 80 há uma retomada da estética das pin-ups com uma atualização que incluiu elementos futuristas e fetichistas."
A partir dos anos 80 o ilustrador japonês Hajime Sorayama surge com uma versão atualizada e futurista das pin-ups. Considerado um novo Alberto Vargas na história da ilustração de belas mulheres, o artista já teve suas pin-ups usadas em campanhas da Sony e da Levi’s, além de freqüentarem com regularidade as páginas da revista masculina Penthouse. No Brasil, o fotógrafo Adrian Benedykt tem se especializado em retratar o renascimento das pin-ups neste novo milênio. Em suas imagens (ou “cheesecakes”, como são chamadas as fotografias de pin-ups, a sensualidade, o mistério e o glamour tradicionais se misturam a uma atitude mais ousada das modelos.
A cantora Pitty fotografada por Adrian Benedykt. |
Outra versão atual das pin-ups, mas com um apelo erótico muito mais intenso do que o das originais, aparece no site Suicide Girls (para maiores de 18 anos). Nele, modelos do mundo inteiro, que fogem dos padrões de beleza do universo fashion, adotam a pose de pin-ups nas fotografias e revelam um pouco de suas vidas. O sucesso do site já levou as pin-ups do Suicide Girls para participação no popular seriado televisivo CSI.
Do site americano Suicide Girls |
Do site americano Suicide Girls |
Do site americano Suicide Girls |
Do site americano Suicide Girls |
A revista de quadrinhos Heavy Metal tem sido uma das principais moradas das pin-ups contemporâneas. Entre elas, estão as criadas pelo artista italiano Lorenzo Sperlonga. Nas últimas décadas, as mulheres também ingressaram no universo de criação das pin-ups. Entre os nomes femininos que se destacam estão as americanas Jennifer Janesko e Susan Heidi.
Mais do que inspirar os artistas, as garotas que têm servido de modelos para pin-ups desde os anos 80 têm assumido uma postura mais ativa de construção e divulgação dessa imagem. Entre as mais famosas está a modelo, performance e atriz Dita Von Teese. Inspirada pelas mulheres fatais e pin-ups dos filmes hollywoodianos dos anos 30 e 40, ela recriou a arte do burlesco com suas performances sensuais e fetichistas. Fã confessa de Betty Grable, Marilyn Monroe e Rita Hayworth, Von Teese não se encaixa nos padrões de beleza das últimas décadas. Com seu estilo retrô, ela tem se mostrado uma musa elegante, sensual e provocativa.
Dita Von Teese em seu espetáculo burlesco. |
Dita Von Teese |
O sucesso das ilustrações futuristas de Hajime Sorayama, das Suicide Girls e da modelo Dita Von Teese prova que as pin-ups estão novamente em alta na cultura pop (se é que um dia elas não estiveram). A atualização da representação de garotas sensuais e com glamour no novo milênio confirma que elas não são apenas uma forma de povoar o imaginário masculino, mas principalmente uma demonstração do poder da sexualidade e da beleza feminina na cultura."(fonte: Silvio Anaz)
Criadores de pin-ups
Alberto Vargas (1896-1982): nascido no Peru, Vargas chegou a Nova York em 1916 e seus primeiros trabalhos foram cartazes para as peças teatrais na Broadway, nos quais já mostrou seu talento em retratar as belas atrizes. Desde os anos 20 criou várias ilustrações exóticas de nudez feminina, mas foi somente nos anos 40 ao trabalhar para a revista masculina Esquire que suas pin-ups girls tornaram-se famosas e populares. Nos anos 60 e 70, ele foi o principal ilustrador da Playboy e criou ilustrações de pin-ups que viraram verdadeiras obras primas.
George Petty (1894-1975): sua fama vem da série de pin-ups que desenhou para a Esquire de 1933 até 1956, que ficou conhecida como “The Petty Girl”. Suas garotas ficaram mais famosas ainda ao serem reproduzidas nos aviões de combate usados pela Força Aérea norte-americana na Segunda Guerra Mundial, incluindo o “Memphis Belle”, um B-17 conhecido como “fortaleza voadora”.
Gil Elvgren (1914-1980): muitos minimizam seu valor por o considerarem um artista muito comercial, mas é justamente pela intensa criação de pin-ups para campanhas publicitárias de produtos da Coca-Cola e da General Electric, entre outras marcas, que Gil Elvgren tornou-se um dos mais importantes criadores de pin-ups no século 20. Além do seu trabalho para publicidade, ele contribuiu com ilustrações para importantes revistas americanas, como a Cosmopolitan.
Espero que tenham gostado!! E acreditem, esse assunto não vai ficar por aqui, temos muito o que falar ainda!!
Até o próximo post! :*
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